sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Gozo e Dor de Almeida Garrett

"Se estou contente, querida,
Com esta imensa ternura
De que me enche o teu amor?
– Não. Ai não; falta-me a vida;
Sucumbe-me a alma à ventura:
O excesso do gozo é dor.
Dói-me alma, sim; e a tristeza
Vaga, inerte e sem motivo,
No coração me poisou.
Absorto em tua beleza,
Não sei se morro ou se vivo,
Porque a vida me parou.

É que não há ser bastante
Para este gozar sem fim
Que me inunda o coração.
Tremo dele, e delirante
Sinto que se exaure em mim
Ou a vida – ou a razão."

Almeida Garrett - Folhas Caídas

1 comentário:

  1. Boa escolha :) de um grande autor português.
    A razão seca a paixão do coração, convém não a deixarmos dominar muitas vezes ;)
    bjs

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